sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Rompe piernas"



A caminhada do dia foi dura e molhada. Nos guias que consultamos este trecho é chamado de: 
"rompe piernas", pela quantidade de subidas e descidas que ele guarda, imagine com frio e chuva ( a chuva daqui é bem gelada!).
Dos dez dias de caminhada, somente 1 dia de sol, 2 de neve e os demais chuva e umidade. Já compramos várias capas de chuva (todas de péssima qualidade), temos que lavar e secar as roupas com mais frequência do que imaginávamos e aprendemos a procurar os albergues que possuem calefação e cobertores.
Estamos conhecendo muitas pessoas e realmente os brasileiros fazem muito sucesso, todos querem conversar conosco, saber sobre a língua, a política e questionam sobre a economia, mas o maior comentário é sobre a alegria do brasileiro.

Encontramos pessoas interessantes; cada um com sua história e motivação em fazer O Caminho. Muito interessante também são as pessoas que trabalham nos albergues, bares e restaurantes pelo caminho. Muitas delas estão tão habituadas em atender aos peregrinos que tudo fica automático e geralmente não dispensam atenção diferenciada, enquanto que outros fazem questão de aumentar a atenção a fim de proporcionar maior conforto aos peregrinos já cansados. No albergue de hoje a senhora que nos atende é muito alegre e simpática e já ficou nossa amiga, nos indicou albergues em outros locais, retirou da máquina e dobrou nossa roupa, enfim, está nos dando muita atenção.

Hoje alcançamos o KM 40, estamos tão perto, tão próximo do nosso objetivo, mas o sentimento não é de euforia, pois em poucos dias teremos que deixar o caminho e tudo o que ele representa. Não existirão mais os longos dias de caminhada, não encontraremos mais as pessoas que marcaram nossa jornada, não precisaremos mais buscar um lugar quente e limpo para passarmos a noite, não estaremos mais nesse mundo mágico onde o tempo para e o lugar parece que não existe.
Os bosques ficarão para trás e serão testemunhas de outros passos, outras pessoas, outras histórias num movimento sem fim, os rios passarão,outras águas... O que ficará? Somente o tempo poderá responder, quem sabe com o coração cheio de esperanças e a alma renovada.
Muito ainda a sentir, muito ainda a contar, muitas coisas a entender e outras a refletir.
Continuarei aqui para conversar com todos vocês.

Hoje o cansaço é tanto que ficaremos sem fotos.

Em 2 dias Santiago nos espera.

Obrigada e saudades!

ULTREYA!

2 comentários:

  1. Adorei Célia e fiquei emocionada ao lê-lo. Me coloquei no seu lugar e a sensação que tive foi de já começar a sentir saudades deste mundo mágico, que acompanhei com muito carinho desde o início. Um grande beijo,
    Elisabete Pasinato

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  2. A ansiedade do incio é a mesma do final, entao calma, tudo estå indo super bem. E é isso o mais importante, o meio, o caminho. Curtam esses ultimos 40 km.Bjs Roberta

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