segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Se eu quiser falar com Deus...

"Orar é a respiração da alma"

Mahatma Gandhi




Foi mesmo o nosso querido Gilberto Gil que em 1980,  conseguiu traduzir nessa linda oração em forma de poesia-canção, as coisas que passam no coração de um peregrino que se perde e se encontra na sua peregrinação.
O peregrino é mesmo aquele que se ajoelha, e humildemente deixa para trás sua família, sua casa, seu conforto, dá as costas e se põe a caminhar para ir em busca de algo que nem imaginamos encontrar.
A oração, como o ar para os pulmões, imprime em nossos corações uma vibração positiva e se propaga, ecoa e contagia tudo o que está a volta. O peregrino em seu exercício diário de oração, vibração e admiração da natureza, faz sua oração em silêncio, agradece e humildemente segue seu caminho.
A oração abaixo traduz exatamente a caminhada do peregrino:




SE EU QUISER FALAR COM DEUS 

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar




O final do caminho não é o fim da estrada.


ULTREYA!!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Minhas caixinhas

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

 

Mário Quintana



Não sei quando e nem como começou, mas me lembro adolescente guardando minhas coisas, meus pequenos tesouros de menina em caixinhas, de papelão, de lata, de metal e outros materiais. Desde então venho acumulando uma pequena coleção de caixinhas. Caixas de diversos tamanhos, tipos e origens. Tenho caixas de fósforos que eu mesma guardei desde menina, caixas que ganhei de alunos quando era professora com 19 anos! Caixa que ganhei o primeiro presente do meu então namorado (agora marido).
Elas chamam a minha atenção onde vou e por onde passo. Não estão catalogadas (ainda!), não tem lógica e nem ordem correta. Elas estão ali dispostas na minha "vitrine", todas coloridas, quadradas, redondas, retangulares, de formatos diferentes, estranhos, típicas, de pedra, espelhos, coração, louça, artesanais, religiosas, do Brasil e de muitos lugares do mundo!


Caixinha da Basílica de La Encina em Ponferrada, Espanha
Algumas eu compro, muitas outras são presentes de familiares, amigos que conhecem esse meu hobbie e muitas de meus filhos que não deixam de me presentear com muitas delas quando retornam de suas viagens. Sim, tenho as minhas preferidas (mas as demais não podem saber!), as mais bonitas e as nem tão belas. As que marcam algum evento, algum lugar. uma linda viagem, tem aquelas que me trazem doces lembranças, mas também tenho algumas que sequer me recordo de como vieram parar aqui! Mas quis o destino que elas estivessem todas juntas, unidas.
Tenho outras coleções, gosto de juntar os objetos e admirá-los. caixas de fósforos, conchas, mexedores de drinks, bolachas de chopp (e eu nem bebo!), pequenas lembranças de lugares visitados, bottons e pins, já passei pelo papel de carta, selos e moedas. Confesso que não sou daqueles colecionadores fanáticos que perseguem os objetos onde estão e são capazes de desembolsar fortunas para tê-los.Minhas coleções são totalmente sentimentais e emocionais.

Caixinha de Compostela com as setas amarelas
Sempre me vejo olhando, arrumando e limpando tudo isso, me remetendo aos velhos tempos, lembranças felizes, lugares interessantes, histórias para contar. Tudo tem uma história própria. Não me agrada uma casa arrumada como uma vitrine! Para mim a casa deve ter uma história, deve ter vida, movimento, tem que suscitar a criatividade e o bem estar. As minhas caixinhas e outras coleções estão ali, tem seu lugar em destaque na minha casa. Quem passa por aqui, não deixa de conhecer um pouquinho desse meu lado.
Mesmo durante a minha caminhada até Santiago de Compostela, encontrei um lugarzinho na minha mochila para trazer uma linda caixinha que encontrei na Basílica de La Encina em Ponferrada. E é claro, ao chegar em Santiago e depois em Finisterra, tinham muitas caixinhas à minha espera!  


Caixinha de Santiago de Compostela
Hoje pela manhã, fui surpreendida com um lindo presente! Meu filho Caio me homenageou com um lindo vídeo que ele mesmo fez, registrando a minha coleção de caixinhas. Fiquei muito feliz e emocionada. Obrigada meu filho!

Este é o vídeo que ganhei hoje pela manhã, conheça a minha coleção!
Bem, a nossa caminhada pela vida merece reflexão e registro. Ela pode passar pelas mais diversas experiências, tudo está conectado, somos parte de um mesmo universo.
Na minha caminhada até Santiago, eu levei comigo tudo o que eu era, toda a minha história, minhas lembranças, minhas emoções.
Está tudo lá, guardado dentro de uma linda caixinha!
Ultreya!

sábado, 14 de setembro de 2013

Ano Jacobeo, Ano Santo

"Chove em Santiago
meu doce amor.
Camélia branca do ar
brilha entebrecida o sol.
Chove em Santiago
na noite escura.
Ervas de prata e de sonho
cobrem a vácua lua
¿Quem fere o potro de pedra
na própria porta do sonho
¡É a lua! ¡É a lua
na Quintana dos mortos!"

Federico García Lorca
‘Seis poemas gallegos’
 
 
Todo Cristão busca a renovação e afirmação de sua fé, para isso busca na Igreja o devido apoio.
Do mesmo lado, a Igreja Católica através de seus grandes líderes oferece os meios e as formas de remissão.
 
Dentre elas está a confissão, que pode ser prefessada perante um bispo ou um padre, que neste momento atua em nome de Cristo que concede o perdão Divino das faltas confessadas. Esse perdão pode ser alcançado uma vez ao dia e pode ser aplicado ao fiel ou até aos fiéis mortos.
 
Compostela, recebeu o privilégio de possuir um ano Compostelano especial em 1122, porém, a Bula de concessão mais antiga, que se conserva, seja a Regis Aeterni, do Papa Alejandro III, datada em 1179, o privilegio foi confirmado pelo Papa Calixto II (1118-1124).
 
O privilegio concedido e depois confirmado por Alejandro III, consiste em que cada ano em que o dia 25 de julho, festa do Apóstolo Santiago, coincida com o Domingo, a Igreja de Compostela receberáa plenitude das graças do Jubileo. Este ano será um grande ano de conversão de vida interior, uma chamada aos cristãos a escutar a palavra de Deus, uma busca aos bens espirituais e a concessão de perdão.
 

 
Porta Santa da Catedral de Santiago de Compostela
 

A este ano deu-se o nome de:  Ano Jubilar Compostelano - também conhecido como Jubileu ou Ano Santo (Jacobeu).
 
Para se conseguir alcançar o Jubileo Compostelano, todo fiel deve:

1. Visitar a Catedral de Santiago, onde se guarda o túmulo de São Tiago. 
2. Rezar uma oração (o Credo, o Pai-Nosso e orar pelas intenções ao Papa) É recomendado assistir à Santa Missa. 
3. Receber os sacramentos da Penitência (pode ser 15 dias antes ou depois) e da Comunhão. Estes dois sacramentos realizam a conversão e o compromisso de amor com Jesus e com nossos irmãos. Esta é a herança de Santiago.
 
O ano de 2010 foi considerado um ano Santo Compostelano e foi muito especial pois foi o único ano jubilar da década além de que contou com a visita do Papa Bento XVI. A Porta Santa foi aberta na tarde do dia 31 de dezembro de 2009 e assim permaneceu até o dia 31 de dezembro de 2010.
 
 



Porta aberta em ano Jacobeu, com fila de fiéis.
 

Esta é a relação dos Anos Santos dos séculos XX e XXI:

1909 - 1915 - 1920 - 1926 - 1937 - 1943 - 1948
1954 - 1965 - 1971 - 1976 - 1982 - 1993 - 1999
2004 - 2010 - 2021 - 2027 - 2032 - 2038 - 2049
2055 - 2060 - 2066 - 2077 - 2083 - 2088 - 2094
 
 
 
 
 
Logo utilizado no ano Jacobeo de 2010 (escrito em galego!)
 
 
Eu ainda não estive em Compostela no ano Santo, mas já estou me programando para 2021! Projetos e sonhos em ação, sempre!
 
 
ULTREYA!!!!